terça-feira, 9 de junho de 2009

A Caixeira Viajante – PREPARAÇÃO




(em cordel cantado)

Peço licença, meus senhores

Pois meu canto é no falar

Atravesso Rio e Mar

E co’a pedra no pescoço

Faço o povo me escutar

Acordei e amanheci

Era um dia de calor

Plantei ave, dei espirro

E a poeira se afastou

Dei um sonho muito estranho

Era nuvem se formô

Passou estrela era azul

Deu de ré, grito alô

Com dois traços fiz um ninho

E com um sopro se apago

Voou folha, voou telha

E o céu abrindo a boca me falou

(o céu diz algo, mudo)

Assisti só a notícia

D’que minha sina era a linha

De seguir com a ventania

E vender nas cercanias

O sonho do impossível

Que nos guia escondido noite e dia

(falado)

Desta forma, senhores, compro e troco sonhos impossíveis. Aqueles que guardamos nas prateleiras de nossa alma, escondidos debaixo do tapete da sala ou achados e guardados em potinhos de vidro.

Carrego essas pedras para libertar o vôo de seus sonhos e para matar a fome do rio que corre dentro de mim.

Custa barato! Apenas o que quiser dar. Estarei sentada aqui e atendo a domicílio. Aceito recado, vale e conversa fiada.

Agradeço a atenção de todos, desejo uma doce tarde e espero aqui a sua visita.

A Caixeira

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