
(em cordel cantado)
Peço licença, meus senhores
Pois meu canto é no falar
Atravesso Rio e Mar
E co’a pedra no pescoço
Faço o povo me escutar
Acordei e amanheci
Era um dia de calor
Plantei ave, dei espirro
E a poeira se afastou
Dei um sonho muito estranho
Era nuvem se formô
Passou estrela era azul
Deu de ré, grito alô
Com dois traços fiz um ninho
E com um sopro se apago
Voou folha, voou telha
E o céu abrindo a boca me falou
(o céu diz algo, mudo)
Assisti só a notícia
D’que minha sina era a linha
De seguir com a ventania
E vender nas cercanias
O sonho do impossível
Que nos guia escondido noite e dia
(falado)
Desta forma, senhores, compro e troco sonhos impossíveis. Aqueles que guardamos nas prateleiras de nossa alma, escondidos debaixo do tapete da sala ou achados e guardados em potinhos de vidro.
Carrego essas pedras para libertar o vôo de seus sonhos e para matar a fome do rio que corre dentro de mim.
Custa barato! Apenas o que quiser dar. Estarei sentada aqui e atendo a domicílio. Aceito recado, vale e conversa fiada.
Agradeço a atenção de todos, desejo uma doce tarde e espero aqui a sua visita.
A Caixeira
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