domingo, 26 de julho de 2009

O assobio do Sr. Nonô - Pontalina

Foto: Andrés Rodriguez

60 anos atrás comprou aquela lojinha e desde então trabalha com couro lá. Toda espécie de produtos desde cintos a celas.
Encontrou-me e logo lhe apresentei a mala e as sandálias de couro e, enquanto me olhava com o olhar vago de quem se abdicou do real, eu tentava compreender o percurso da magia sugerida por sue semblante.
Nos fitamos na incerteza do virtual que nos conectava, ao mesmo tempo em que eu passei a me perder no assobio do Sr. Nonô.
Eu lhe fazia uma pergunta e, segundos antes da resposta, compartilhávamos juntos aquele assobio, de quem está alheio.
Nesse ritmo de suspensão, ele declarou: - Tenho o sonho da vida eterna.
Perguntei: - Vai querer seguir junto ao cheiro do couro?
Foi até os fundos da loja, pegou um espanador e, tirando a poeira, assobiou sem nunca responder.

Caixeira

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