segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Brasília

"Eu olhei lá do céu e disse: É ali Deus! É ali que eu quero nascer...
Eu nasceria em qualquer lugar na verdade, mas quando olhei pro centro eu vi um pedaço de saudade acenando pra mim. Uma saudade de tudo que ainda há de acontecer, saudade de mim e de tantos mins que haveriam de escolher ali, por que ali tinha uma saudade do que ainda não é desenhada na arquitetura do futuro... Era uma saudade cinza doida pra ser colorida. Era uma saudade disfarçada de cidade que tava no mapa de Deus."


No Setor de diversões
Foi num asfalto quente de duas asas, com um céu laranja curioso que as coisas sucederam. O homem andava mais que as pernas para aquele nunca chegar, nunca chegar, nunca chegar, nunca chegar. Ele parecia envelhecer no caminhar. Tudo parecia o mesmo naquele lugar, o tempo passava, o passo passava, mas tudo parecia o mesmo naquele lugar. O mesmo eco traçado em retas, o mesmo seco na ordem dos números e o mesmo silêncio metalizado pelo zumbido dos carros. Zum... zum.... zum... Chegou ao centro. Chegou ao centro? Ele caiu espantado no centro e não se divertiu no setor de diversões. Ele caiu sozinho no eco seco traçado reto por números secos e retos com uma agonia crescente. Zum zum zum. Uma dona muito distinta de sobrenome Moraes e de olhar mais doce que o doce docinho das coisas doces, o apanhou no colo e o fez ninar. O estirou no chão e começou a fazer o homem nascer. De seus braços surgiram salas de edifício, em suas pernas dezenas de lojas, em seu coração um teatro... Em suas veias correm pessoas e desejos quentes que gozam dia e noite ao som dos... zum zum zum. A moça quando terminou de nascer o homem abriu a porta do teatro e adormeceu no seu coração.

Meia noite
Foi pelo silêncio que ela se apaixonou! Era já bem tarde em todos os relógios, talvez meia noite. Era entre um dia e o outro, quando ela despertou. Que céu mais lindo de mil estrelas cobria Noá e o mundo a meia noite naquele lugar. Noá era torta de tão bonita, cerrada de tão aberta e seca de tão colorida. Borboleta!!!!!!!!! Borboleta!!!!!!!!!! As borboletas beijavam as cachoeiras bem perto dela... talvez nela... mas não ali em seu colo seco. Foi então que aconteceu. Em caminhões chegaram nuvens. Chegaram muitas e chegaram tantas nuvens que ela se assustou. Chegaram muitas e chegaram tantas que ela acordou. Em silêncio como nos sonhos, sem poeira nem tristeza as nuvens foram enterradas na moça torta de tão bonita, cerrada de tão aberta e seca de tão colorida. Como mágica começou a chover dentro da terra e a água começou a molhar a moça seca... em silêncio bem baixinho Noá beijava a água assim como as borboletas. A moça tinha agora em seu colo um lago de amor. Um lago só para Noá.

A Cigana

2 comentários:

  1. Ela casa! Ela casa! E de tamanhas nuvens, securas e cores por aí.. quem sabe não me levam de carona! RS!

    P.

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